Semana Pastoral Marista 2013

Texto publicado na edição N.037 do quinzenário Vitamina para o Coração, do Colégio Marista Patamares, e enviado para pais e educadores.
-----
Estabelecendo pontes, tecendo diálogos, cultivando sonhos.

Menino me abordou no corredor, novato, mais ou menos 11 anos de idade, e me perguntou: 

"- Tio, tio. 
- Oi amigão, diga lá. 
- Como é esse negócio de 'pastoral'? Vale nota? 
- Não amigão (risos internos), só precisa do seu coração aberto". 

A sensação estampada na cara do menino dizia: “alívio”. Foi engraçado. 

Um dos desafios mais eloquentes do trabalho evangelizador em uma escola confessional católica é distinguir, na cabeça dos estudantes, que a lógica das atividades em nosso ambiente se difere de uma escola comum ou “de mercado”. Não que nos despreocupemos com a proficiência, a aprendizagem e os resultados. De jeito nenhum. É que numa escola católica (e marista) precisa ser mais natural a compreensão de que a “nota” não dá a última palavra sobre a identidade ou evolução dos estudantes. A “nota” não pode ter o peso da institucionalização dos alunos, como se pudesse dizer deles mais que eles próprios. Ao contrário, estamos num momento em que o movimento necessário é justamente o inverso: o da humanização das instituições. Da Igreja, inclusive. 

E parece que o Marista intui, em sua espiritualidade, essa característica: humanizar pessoas, processos e projetos. 

No campo religioso, entre os maristas de Champagnat não há títulos, a não ser o de “irmãos”. No campo educativo, não há quem diga que não tenhamos um “jeito diferente” de ser escola. Curioso é constatar, não raras vezes, que alguns estudantes e famílias só se dão conta disso quando saem. É da vida... Só que “ser marista” não se aprende por osmose. Mesmo sabendo que em outras instituições não há registros significativos de jovens que encham a boca e digam um correlato ao: “- Ex-aluno, sim, ex-marista nunca!”, somos conscientes de termos um grandioso trabalho de encantamento feito e refeito, quantas vezes o cotidiano exigir. 

A Semana Pastoral Marista (SPM) que celebramos nestes dias – de 18 a 22 de março – quer ser um convite a todos para que se tornem protagonistas e corresponsáveis pela educação-evangelização de crianças, adolescentes, jovens, professores, funcionários, gestores e familiares nos mais diversos espaços da escola e fora dela. A SPM toca a essência do nosso diferencial.O tema é bastante inspirador: “Estabelecendo pontes, tecendo diálogos, cultivando sonhos”. Primeiro, reforça a mística da “ponte” como caminho que conecta pontos, pessoas e processos, às vezes separados por abismos de toda ordem. Do conceitual ao pessoal, passando pelo profissional. Depois, tece a proeminência do diálogo como comunicação de interioridades, mais do que mera conversa jogada fora. Conversar é falar sobre o mundo que nos cerca, dialogar é falar sobre o mundo que somos. Por fim, conclama ao cultivo de sonhos, feito comida que só tem graça se com bom tempero. Como quem alerta que uma pessoa sem utopias, dificilmente ativa sua espiritualidade. 

Para nós, o professor, por exemplo, faz experiência de Deus na sala de aula! A “novidade” é que Deus se revela no aluno! Por isso, o Marista precisa de educadores místicos, pessoas transcendentes com raízes firmes no chão. Nosso modelo de excelência acadêmica é Maria de Nazaré, a educadora de Jesus. Para além do conhecimento, é dessa sabedoria que queremos falar a cada dia. 

Nossos esforços pretendem, no fundo, uma única coisa: manter vivo o carisma marista! Evangelizar através da educação, do jeito de Maria, para suscitar bons cristãos e virtuosos cidadãos, que façam diferença no mundo. Você está convencido disso? Sim? Não? Não sabe? Pois a SPM é uma ótima oportunidade de aprofundar essa identidade e dar a possibilidade de que nos reconheçamos, ou não, nela. E tomar uma decisão. 

Por fim, este “novo” deve ocorrer a cada encontro, independente do tempo de casa. Atiçando curiosidades, eliminando distâncias e fazendo mais meninos e meninas perguntarem: 

“- Tio, como é esse negócio de 'pastoral'?”

Na raça e na paz Dele,
J. Braga.

Comentários

Postagens mais visitadas