Fechando com o Milton Errado - Arthur Muhlenberg

Fica, Ibson! Fica na tua porque tua batata assou.
Depois de irresponsavelmente abrirem mão no sábado do mais bem pago jogador de cascudinho do mundo, que partiu pra Rússia tisti e chatiadu na companhia do injustiçado Wellinton (que há anos é chamado pelos atacantes adversários pelo apelido de Mãe e pelos torcedores do Flamengo de Filho da Mãe), os carecas de colarinho branco que tomaram a Gávea de caneta na mão perpetraram mais duas maldades nessa terça.

A primeira: chamaram na chincha o veloz Ibson, a quem o clube deve uma bufunfa responsa e o avisaram que a casa caiu. Ibson ficou sabendo que seu modesto salário de 300 paus por mês e mais um qualquer de direito de imagem está totalmente fora da nova ordem mundial da Gávea e precisa ser urgentemente renegociado. Se não quiser renegociar, um abraço, volte sempre, mas ligue antes pra ver se tem alguém em casa.

Parece que eles não perceberam que o Flamengo não quebra, porque nós somos os maiores e temos a camisa mais bonita. Sem o Flamengo não tem futebol no Brasil, o país tem obrigação de cuidar de nós, que afinal, sustentamos a parada toda. Somos praticamente uma estatal, só nos falta o fundo de pensão.

Uma tremenda sacanagem com um jogador com tanta história no Flamengo. Esqueceram do golaço dele contra os bambis no Maraca, em 2007? E o gol de letra contra os porcos naquele 5 x 2 de 2008? E o pênalti perdido bisonhamente contra o nosso genérico baiano em 2009? Ops, enfim, um jogador que foi tão determinante para tudo que conquistamos em 2012 merece tratamento condizente. Assim fica difícil, diretoria.

Vocês querem mandar o lima logo nos jogadores mais bem pagos e isso não faz o menor sentido. De que adianta ficar com dinheiro em caixa e um monte de jogadores desfamosos e com nomes comuns como Gabriel e João Paulo? Esses caras não entendem nada de futebol. Será que eles já viram em algum estádio um bandeirão em homenagem à folha de pagamento? Do Ibson e do Love eu já vi.

A segunda maldade foi pior: os desalmados executivos galácticos simplesmente disseram, na cara dura, que iam quebrar a milenar tradição clientelista e não vão mais liberar ingressos pras organizadas com descontos que iam de 10 a 100% do preço pago pelos torcedores desorganizados. Convenhamos que é um absurdo o Flamengo parar de dar a única coisa que ele tem pra vender. Um tremendo tiro no pé.

Mas deixa quieto. Daqui a pouco um desses bigshots se deixa picar (com todo o respeito) pela mosca azul e resolve se candidatar a vereador, deputado ou qualquer porra dessas e aí e eles vão se tocar de como faz falta ter uma organizadinha ou duas no esquema da sua campanha. Vai vendo.

Sei lá, votei nos caras, mas tem umas horas em que eu acho que eles dão mais valor ao que disse o Milton Friedman há 50 anos do que ao que vai dizer o Milton Neves amanhã. Um erro crasso no mundo do futebol semiprofissional que ainda vigora em Pindorama. Pra quem não se lembra o Friedman é aquele palhaço neoliberal que disse que o almoço grátis não existe. É lógico que esse gringo nunca deve ter chutado uma bola de futebol na vida. E que evidentemente nunca foi à Brasília.

Pois é, votei nos caras, mas admito que falta vivência de Flamengo à nova diretoria. Esses caras tão pensando que o Flamengo é empresa. Que o Flamengo tem que fazer tudo certinho, by the book. Querem pagar dívidas, salários e impostos em dia, cumprir contratos, não gastar mais do que arrecadam, entre outras superstições corporativas e gerenciais totalmente estranhas às tradições flamengas.

Ficam agindo como se os sócios, e até os torcedores, fossem os acionistas da empresa aos quais eles tem obrigação de prestar contas, esclarecimentos e zelar não só pelo patrimônio, mas também pelo nosso bom nome na praça. Neófitos, desconhecem o poder da esculhambação atávica das instituições nacionais.

Parece que eles não perceberam que o Flamengo não quebra, porque nós somos os maiores e temos a camisa mais bonita. Sem o Flamengo não tem futebol no Brasil, o país tem obrigação de cuidar de nós, que afinal, sustentamos a parada toda. Somos praticamente uma estatal, só nos falta o fundo de pensão.

Parem com essa frescura de continhas em dia, isso é pra times pequenos. Nós, que estamos no Flamengo há muito mais tempo, sabemos que se o bicho pegar a Globo dá um checão ou o Governo inventa uma loteria, uma anistia, uma moratória e que a vida continua.

Tenham fé. Peguem logo o jeito da coisa e tratem de começar a gastar, mesmo que seja o dinheiro que não temos. Ousem, esbanjem, o Flamengo não nasceu pra ser merrequeiro. Não se reprimam em nome de uma austeridade de todo desnecessária. Não existe menção à responsabilidade fiscal no estatuto do Flamengo, podem gastar de com força porque não são vocês que vão pagar mesmo.

Pior que daqui a um tempo um desses executivos fodões e sem coração vai enjoar de brincar de cartola e aí vai tirar um ano sabático num resort nas Bahamas pra macaquear o Ferran Soriano e escrever um livro sobre a sua experiência no Mengão. Do jeito que estão trabalhando o título do tal livro só poderá ser: A Folha Não Se Paga Por Acaso.

E o livro vai ser chato.

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