Mainardi não é poeta

Nunca sei qual é o Mainardi.
Há alguns dias o Portal Café Brasil (PCB) lançou uma promoção, como costuma fazer, no facebook. O prêmio anunciado: um livro de Diogo Mainardi. Para quem não sabe (e muita gente não sabe), Mainardi fez, durante anos (2002 a 2010), o papel de leão-de-chácara da revista Veja (hoje a cargo de Reinaldo Azevedo, o blogueiro da família brasileira), depois de não mais dar conta da coluna de arte e cultura. Optou, então, por algo mais fácil: falar mal do Brasil e dos brasileiros, especialmente dos políticos. E ganhava por isso, imaginem, sem sequer ter concluído o ensino superior (mas filhinho de papai e com amigos influentes).

Sem o peso de editorial, mas impulsionadas pelos editores, as colunas de Mainardi ganharam notoriedade pelo fato de menosprezarem, ridicularizarem e, por vezes, xingarem pessoalmente seus inimigos ideológicos (e políticos), com acento agudo e estridente quando o alvo era Lula, seu anti-herói. Sem cerimônia e um pingo de respeito à pessoa humana (não necessariamente ao político), o sarcástico colunista não pestanejava quando o assunto era descer-lhe a lenha, o sarrafo e o baixo calão. Também sobrou para Caetano Veloso, Chico Buarque, Mino Carta, Franklin Martins, enfim, a lista é longa.

Pois é. Mas agora, Luciano Pires compara Mainardi a nada menos que Oliver Stone, Richard Wagner e Mario Lago e nos declara (os que discordamos do jabá gratuito dado ao "prêmio") preconceituosos. 

Putz! 

Seria preconceito e valeria a antítese do "não-comi-não-gostei" se já não conhecêssemos os escritos de Diogo desde o século passado. Se já não soubéssemos de sua trajetória profissional e os atalhos que ele encontrou para se projetar profissionalmente. Ao que nos consta, escrever sobre sensibilidade humana nunca foi seu foco. Extrair de sua biografia dramas pessoais com finalidade de lucro, e projetado por seu perfil polemista, já diz o suficiente sobre Diogo ser ou não um paradigma de ternura e altruísmo. 

Se é para nos premiar com a sensibilidade humana, temos escritores que falam com suas vidas e textos muito mais que o sósia do Fabio Arruda (ex-A Fazenda). Frei Betto e Leonardo Boff, por exemplo. Ou o PCB teria alguma restrição ideológica com esses autores? Desafio lançado.

O fato é: não é porque o cara hoje vive em Veneza que ele é artista. Ele pode não passar de um crítico de arte frustrado. 

Se você quer saber mais sobre poemas, precisa ler poetas. Não um mecenas.

Na raça e na paz Dele,
J. Braga.

P.s.1: Retiro tudo o que disse, compro e distribuo o livro se Diogo Mainardi doar todo o lucro de seu marqueteiro produto literário a instituições que trabalham com crianças acometidas por paralisia cerebral. 

P.s.2: D-U-V-I-DÊ-Ó-DÓ.

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