Sucesso e fracasso - Tostão



O imponderável 

Vivemos em um mundo competitivo, habitado por pessoas orgulhosas e vaidosas, que quase só pensam em resultados e que gostam mais de serem aplaudidas que amadas.

Os apaixonados por resultados adoram estabelecer um perfil dos vencedores, que sirva para todas as atividades. A única coisa em comum é a vontade, uma mistura de algo indefinido com ambição. Mas cada um faz do seu jeito.

No futebol, há muitas maneiras de vencer e de perder. Por haver tantos fatores técnicos envolvidos nos resultados das partidas, além do imponderável, nem sempre os melhores são os vencedores.

Com frequência, um técnico erra, e o time acerta. Ou o contrário. Quando dá certo, o técnico é excepcional. Quando dá errado, é péssimo.



Isso não significa que os técnicos não sejam importantes. Vi vários mudarem a história de um jogo, para melhor ou para pior. É preciso ter competência para escolher, treinar, comandar, escalar, substituir, além de conviver com as críticas e os elogios, com o fracasso e o sucesso.

Há, no entanto, uma supervalorização dos técnicos. É mais fácil escolher um herói ou um vilão. A partir da conduta dos treinadores, comentaristas analisam tudo o que acontece em um jogo. É uma maneira de valorizar seus conhecimentos, como se falasse: “eu entendo o que o técnico fez”.

Até dirigentes são avaliados pelos resultados dos times, como se isso dependesse sempre da administração do clube. Quando o time ganha, o planejamento e as contratações dos dirigentes foram perfeitas. Uma das coisas mais mentirosas do futebol é o planejamento. Explica todas as vitórias e derrotas.

Não sei se Belluzzo foi tão ruim, como a maioria diz. Ele reconheceu vários erros. De qualquer maneira, dizer que ele foi péssimo presidente do Palmeiras porque não conquistou títulos é uma grosseira simplificação.

Um dos erros de Belluzzo foi acreditar que técnicos caríssimos, como Luxemburgo, Muricy e Felipão (foto), têm o poder de, sozinhos, conquistar títulos, e que Valdívia é um craque. Endividou mais ainda o clube.

Todos nós já fracassamos em vários momentos. Costumamos lembrar dos sucessos e esquecer dos fracassos. Há ainda os que não suportam o sucesso, que carregam um sentimento de culpa, real ou imaginário, como se não fossem merecedores.

Existem também os que, por soberba ou simplicidade, ignoram e desprezam o sucesso, como se estivessem acima das vaidades. São as contradições da alma.
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Na raça e na paz Dele,
J. Braga.

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