Tempo de Advento

Quando a gente se dedica a organizar um evento, indicamos, na prática, a importância de um acontecimento. A antecipação à tal comemoração ajuda a dimensionar seu tamanho afetivo e efetivo. Olho as notícias dos grandes portais, hoje dezembro de 2010, e vejo o destaque que se dá ao Carnaval, em especial, às rainhas de bateria ;) das escolas de samba do Rio. Melindres à parte, sabe-se que os verdadeiros sambistas e aficcionados já tem de cor as letras dos enredos de suas escolas do coração, as que embalarão a Sapucaí. Essa é uma minha constatação particular quiçá tardia, já que desde outubro as notícias sobre o Carnaval 2011 davam conta das escolhas definitivas dos tais enredos. A essa altura a Globo com certeza já gravou as chamadas do carnaval com Baterias dos grupos de elite de São Paulo e do Rio.


Não é de se admirar que, para um brasileiro, o carnaval seja notícia tão cedo, muito simbólico. Afinal de contas, trata-se nada menos da maior festa popular de rua do mundo, evento que confere identidade à idiossincrasia tupiniquim mundo afora, ao lado de futebol (Pelé) e da bandeira nacional.

Pois bem. Há 2010 anos cristãos de todos os rincões do planeta passam por esse período gostoso de preparação da festa de nascimento de seu Ídolo (com "i" maiúsculo): Jesus de Nazaré, filho de Maria e José. Para a Igreja, um advento, tempo de espera, de expectativa. Sabemos que tudo já aconteceu, que Ele veio, viu e venceu. Mas não dá pra não ficarmos felizes com o dia em que tudo começou. Sim. O dia em que a Eternidade se encarnou no tempo e no espaço. Ganhou rosto, voz e vez e, como consequência de sua existência humana, dividiu a história em "a.C." e "d.C.". Fantástico!

Mas Jesus nasceu mesmo dia 25 de dezembro? Os estudiosos já apuraram que não. Estima-se que 7 de abril seja a data mais "quente" para o sagrado parto. Fala-se que a razão para esse "pequeno" ajuste de sete meses e pouco foi decorrente de uma perspicaz interferência da Igreja no mundo Romano. Ao que parece, celebrava-se na Antiguidade uma importante festa ao deus Sol, faltando poucos dias para que "ele completasse a volta ao redor do firmamento". Era uma festa à Luz...festa da Luz!!! Sim. Esse foi o mote. Cristãos da época foram, pouco a pouco, trazendo os motivos do dia em que Maria deu à Luz a Jesus, o Messias. Compuseram, pouco a pouco, um novo enredo para os motivos daquela festa perto da virada de ano. Através dos séculos, a festa à Luz passou a ser verdadeira festa da Luz, da estrela-guia, do nascimento sagrado, do "Eu sou a luz do mundo".

Engraçado que aqui em casa, apesar de ser eu o mais "religioso", foi minha esposa que tomou a iniciativa da preparação do Natal. Armou a árvore tradicional, comprou as bolinhas brilhantes (esse ano, só pratas e roxas), a estrela do topo da árvore, os sininhos para colocar na porta, enfim. Elementos singelos e simbólicos. Ao mesmo tempo, encaminhou as coisas para que a família viesse, as datas, as acomodações, os colchões e espaços em que cada pessoas vai dormir, os passeios que vamos fazer. Muito mais do que eu, ela tomou a iniciativa para celebrar o Natal, ela se antecipou, ela planejou, ela cuidou dos detalhes. Ela é demais!

Antecipação e esmero na preparação para celebrar um acontecimento. Eis o que dimensiona a importância afetiva e efetiva do Natal, do nascimento de Jesus, em nossas vidas. Dizem que o melhor da festa é a expectativa que ela provoca. Mergulhemos no Advento, então. Quanto melhor o Advento, mais saboroso o Natal. E não falo da ceia, propriamente dita. Desejo-lhes um intenso advento e, portanto, um maravilhoso Natal!

Na raça e na paz Dele,
J. Braga.

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